Mitologia


Pesquisando por aí, encontrei esses artigos super interessantes! Espero que gostem.



O Antigo Egito




Quando se fala de Egito Antigo é difícil dividir a conversa em tópicos, como filosofia, arte, morte... os antigos egípcios eram um povo que não segmentava a existência.

Vida e morte bailavam sobre o mesmo palco. Uma atuava como extensão direta e ininterrupta da outra. A morte, por exemplo, não consistia simplesmente na não vida, mas numa continuidade, espiritual e de corpo renovado e eterno, da vida. 

Pode-se entender a filosofia egípcia da morte analisando-se o indivíduo sob dois aspectos:

BA: Alma superior imortal, gêmeo com coração, cópia de cada ser humano.

KA: Duplo etérico do morto, substrato vivo e ativo, base da vida póstuma que desempenha após a morte o papel do corpo terrestre durante a vida.

O Ka se opõe ao Kaibiti ou Sombra, o segundo composto do ser póstumo, que se caracteriza pelo conjunto dos desejos elementares, paixões, vícios, defeitos, que se decompõe e se manifestam sob o aspecto de um fantasma.


As embalsamações serviam para preservar o corpo terreno para que este servisse de morada ao Ka.

Toda a vida e filosofia egípcias se baseavam nos conceitos básicos descritos acima. Ba e Ka são gêmeos inseparáveis constituintes do indivíduo no pós-morte.


O conjunto do corpo físico era chamado de Kat.


Fonte: GNU Free Documentation License


Terra do Nilo e das Pirâmides, o Egito fascina a quem dele se aproxima, envolvendo a todos num clima de mistério e grandiosidade. De Heródoto a Napoleão, e até os dias de hoje, a história da civilização egípcia vem sempre envolta numa nuvem mística, quase etérea, resultado da inevitável mistura de deuses, mitos, monumentos e personagens que marcaram, indelevelmente, a história da humanidade.

Quando se fala no Egito da Antiguidade, as primeiras coisas que nos vêm à mente são as imagens das grandes pirâmides, as múmias e artefatos dos museus, os templos e a atmosfera aventuresca que cerca tudo o que diz respeito ao tempo dos faraós, que a literatura e o cinema nos mostram como sempre presentes nas expedições arqueológicas, envolvidas por um clima de conto policial de Agatha Christie.
 Sem qualquer sombra de dúvida, a civilização do Egito antigo atiça a nossa imaginação pela aura de mistério que a envolve. No entanto muito já se sabe a respeito do modo de vida, da estrutura social, da estrutura econômica, das relações políticas do Egito faraônico.
Mas muitas vezes a circulação dessas informações fica restrita ao meio acadêmico ou a umas poucas centenas de pesquisadores dedicados. Infelizmente há muitas coisas que não chegam a público, propiciando a formulação de idéias fantasiosas que não são comprováveis, engrossando um extenso rol de crenças sobre a cultura egípcia, difícil de ser combatido.


FARAÓS NO CONSULTÓRIO

As pirâmides não são o único legado do Antigo Egito. Graças a essa civilização, a Medicina começou a se organizar enquanto área da ciência.

O paciente entra na sala do médico e se queixa de dor de cabeça. Sai de lá aliviado, com a promessa de que seu mal terá fim. Para isso, garante-lhe o especialista, há uma receita infalível: beber, três vezes ao dia, a mistura de gordura de crocodilo, sêmen e fezes dissolvidas em urina. Consultas como essa eram comuns no Antigo Egito, em que a prosaica beberagem era, de fato, tão popular quanto os comprimidos de analgésicos, hoje em dia. 

Em diversos papiros, são citados medicamentos com ingredientes ainda mais estranhos do que os dessa prescrição contra dores de cabeça. Não que, ao longo da História, outras culturas não tenham criado remédios igualmente esquisitos. Mas, sem sombra de dúvida, os relatos da terra dos faraós são os mais antigos e ricos nesse sentido. Foi nos tempos em que se erguiam as pirâmides, também, mais de um milênio antes de Cristo, que a Medicina começou a se organizar. E, nesse sentido, poucas pessoas conhecem a importância dos antigos egípcios.

Costuma-se considerar a civilização do Antigo Egito um exemplo de morbidez, co-mo se ali só se pensasse na morte e na vida além-túmulo, sem dar importância para a saúde neste mundo. Mas, na verdade, os antigos egípcios nada tinham de mórbidos. Eles simplesmente acreditavam que a vida depois da morte era tão real e concreta quanto a terrena. E, esclareça-se, estudaram o tratamento de doenças como poucos povos contemporâneos. O médico no Antigo Egito era chamado de sunu, palavra equivalente a doutor. Só que, na realidade, os sunus se dividiam em três grupos de terapeutas. 

Existiam, em primeiro lugar, os sacerdotes da terrível deusa Sekhmet, acusada de ser a principal causadora de todos os males. O papel desses homens, que mantinham um bom relacionamento com a deusa, era aproveitar esse poder de influência para induzi-la a não punir determinada pessoa com doenças. 

Com esses sacerdotes, conviviam os magos, que tinham uma visão ligeiramente diferente do assunto. Para eles, a doença não era um simples castigo da deusa e, sim, a influência de um bando de maus espíritos - os quais, claro, eles tentavam exorcizar. Finalmente, a terceira categoria era a dos sunus, propriamente ditos, pessoas que recebiam instrução médica na chamada Per Ankh, que significa Casa da Vida. Era a faculdade de medicina da época, onde se podia aprender to-dos os princípios conhecidos sobre o funcionamento do organismo humano. Esses sunus, por sua vez, trabalhavam junto com os uts, como eram chamados os auxiliares de médicos - os primeiros enfermeiros de que se tem notícia.

Na prática, porém, todo sunu era também sacerdote da deusa ou mago à caça de maus espíritos. E essa combinação não bastava: pelos documentos que chegaram até os dias atuais, deduz-se que a maioria dos médicos ou sunus exercia paralelamente outras funções, como a de administrador, arquiteto ou escriba. Quer dizer, poucos arriscavam viver exclusivamente da medicina. Mesmo assim, quando o historiador grego Heródoto visitou o Egito, no século V a.C., espantou-se não apenas com o número de médicos, mas com o seu complexo grau de especialização. 

Enquanto, na Grécia Antiga, o médico perambulava de cidade em cidade, demonstrando em praça pública os seus conhecimentos, os médicos egípcios eram devidamente organizados e, geralmente, atendiam em endereço fixo. Ou seja, tinham consultórios, como manda o figurino moderno. O curioso é que o médico no Antigo Egito se especializava em alguma área do corpo humano, mal começava os estudos. E isso é exatamente o oposto da tendência apontada no decorrer da história dos mais diferentes povos. Normalmente, o estudante de Medicina adquire primeiro um conhecimento generalista sobre os organismos vivos e só depois opta por alguma especialidade. Os egípcios, nesse aspecto, foram exceção.

O mais antigo médico egípcio conhecido foi Hesy-Ra, que viveu por volta do ano 3000 a.C. e só cuidava de dentes. No entanto, sabe-se por documentos que Hesy-Ra tinha colegas que se dedicavam exclusivamente ao nariz, ao ânus, aos olhos e ao abdome. Deduz-se, desse modo, que a medicina tenha surgido no Antigo Egito como uma constelação de especialidades muito distintas e que essas, com o passar do tempo, acabaram se reunindo. Ao desvendar a anatomia e mostrar as relações entre as estruturas do corpo, a mumificação deve ter contribuído para essa unificação. 

Contudo, fique claro, a prática da mumificação rendeu conhecimentos anatômicos que nada têm a ver com as informações científicas de hoje em dia. O coração, é verdade, parece ter recebido um merecido destaque como centro da vida. No entanto, as demais vísceras eram desprezadas, na hora de fazer a múmia. Esta seguia para o outro mundo sem cérebro, por exemplo. Porque, segundo os antigos egípcios, a massa cinzenta, si-tuada na cabeça, não iria fazer a menor falta.

De seu lado, os vasos sangüíneos, chamados de mutus, eram considerados importantíssimos. Talvez, porque fizessem parte do mesmo sistema do coração. Daí que apalpar os pulsos era a principal técnica usada para examinar a quantas andava a saúde de uma pessoa. A medicina do Antigo Egito dava prioridade aos movimentos de fluidos e compostos vitais pelas veias e artérias. Alguns estudiosos suspeitam que essa concepção sobre a fisiologia humana tenha sido resultado direto da influência do Rio Nilo nessa civilização.

Os papiros egípcios também relatam várias doenças. Os médicos se impressionavam, por exemplo, com a possibilidade de o sangue coagular e de as artérias endurecerem, nos casos de aterosclerose. O ânus recebia igualmente um tratamento especial: tanto assim que todo faraó tinha um médico exclusivo para cuidar do seu - os vermes provocavam pânico. Como eram encontrados freqüentemente nas múmias, os egípcios acreditavam que esses micróbios eram legítimos mensageiros da morte. Além disso, quando apareciam, muitas vezes eram o anúncio de diarréias fatais. Quanto às cirurgias, há diversas referências, inclusive gravuras de casos de circuncisão - aliás, não se sabe o motivo, só os sacerdotes e nobres podiam se submeter a essa operação.

Como os demais povos da Antigüidade, os egípcios não tinham idéias precisas sobre os mecanismos da fecundação. Acreditavam que só o esperma tinha o poder de gerar e a tarefa feminina seria a de uma espécie de receptáculo. O teste de gravidez era à base da urina da mulher: a paciente urinava sobre um punhado de cereais; se, dali a alguns dias, eles crescessem, era sinal de que estava grávida. Ao menos, de acordo com os médicos egípcios. Quanto aos remédios, eles acreditavam que o organismo era capaz de produzir, ele próprio, os mais potentes medicamentos. Daí a mistura para dor de cabeça. O fato é que quase todos os povos receberam influência dessa medicina e copiavam suas receitas, por mais estranhas que fossem.


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