O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.

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Eu te amo tornou-se clichê
por: Cynthia

E então, babacas? Tudo na paz? Bom, após um tempinho sem postar nada voltei a ativa (:
Ah, não peço desculpas a vocês porque isso é côa de fraco u_u e também porque tenho preguiça u_u
Bem...
Você já foi adicionado por uma pessoa no Orkut que NUNCA viu pessoalmente em toda sua vida e após uma curta conversa do tipo: “conheço?” Essa pessoa escreve em seu scrap book ao dizer adeus: “Tee amo, migaa”... ?
Bastante normal isso, não é mesmo?
Imagine você tirando uma foto com um biquinho na frente do espelho com o corpo todo “envergado” para dizer que tem “estilo”. Bastante clichê, não? (:
Ops, mas espera aí, antes de tudo... O que é clichê?
Respondendo a sua possível dúvida da mais simples maneira possível: “Clichê” seria algo bastante comum. Que todos fazem e/ou que há em todo local. Por exemplo: (uma típica conversa de MSN com alguém que você conhece “de vista”)
Fulano diz: Oi, tudo bom?
Sicrano diz: Sim e contigo?
Fulano diz: Também. Novidades?
Sicrano diz: Não e você?
Fulano diz: também não.
E daí acaba a conversa. Bastante típico e clichê, sim?!

Então, agora que está explicado o que esta bela palavrinha significa (se você não entendeu procure no dicionário, mas provavelmente não entenderá novamente por ser um retardado) vamos passear um pouco neste belo texto...

Eu sem você não tenho porque
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz
jardim sem luar
luar sem amor
amor sem se dar
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém
Ah que saudade
que vontade de ver renascer
nossa vida
Volta querido
os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinha
tenho os olhos cansados de olhar
para o além
Vem ver a vida
Sem você meu amor eu não sou
ninguém

Samba em Prelúdio. Vinicius de Moraes

“Repare que o poeta compara os termos Eu sem você com os termos chama sem luz, jardim sem luar, Luar sem amor, amor sem dar, um barco sem mar, um campo sem flor. E o que há em comum entre Eu sem você com os demais termos? Ora, a ideia do poeta é de que”sem você”, sem a companhia da pessoa amada, por exemplo, falta-lhe o essencial, falta-lhe o complemento natural que torna as pessoas felizes. Na ausência desses, tudo fica triste e sem finalidade, como um barco sem mar. Os dois versos finais do poema intensificam esse sentido.
O poema é uma declaração de amor, mas, em nenhum momento, o poeta diz “eu te amo”. Porque essa expressão tornou-se um clichê, uma frase feita que perdeu o seu sentido porque foi desgastada pelo uso frequente. Todos dizem “Eu te amo”, mas se amor é uma descoberta, um sentimento importante, então por que não tratá-lo de forma nova na linguagem? Por que não dizê-lo de forma original e pessoal? “

LIMA, Cynthia. Um mundo para conhecer. 2010. 

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- Cynthia -



Marte, 22 de fevereiro de 2010.


Oi, travesseiro

Estou escrevendo para você porque nem tudo está bem. Desde o dia que nos separamos - pois me entreguei àquele sonho lindo - sinto falta de deitar minha cabeça em tuas plumas e contar-te todas as minhas dores. Estive fantasiando várias coisas em minha mente. Sentia-me bem, como se cada vez que eu abrisse os olhos eu estivesse pisando em uma nuvem. Viajando em outra atmosfera. Descobrindo o quanto é lindo amar. Mas aí é que está. Pensei que tudo iria ser para sempre maravilhoso. Como nos contos de fadas. Confesso a você que tive vontade de terminar isso como Romeu e Julieta. Porém, não queria um fim dramático, pois nem tudo foi tão igual.
Não sei mais o que faço da minha vida. Todos os dias eu acordo e tenho que conviver com a visão de que meu amor tem outra. Às vezes tenho vontade de “dar o troco”, “pagar na mesma moeda”. Mas eu simplesmente não consigo. Queria muito poder contar com a sua ajuda, meu amigo. Chorar em tuas plumas e gritar que eu ainda a amo no abafar de meus gritos. Sei que isso não é possível, porque estou em outro planeta, e você no meu quarto. Arrependo-me amargamente por não ter trazido você, meu travesseiro.
Vou esperar os dias passarem para que eu possa esquecê-la e voltar para você, para meu mundo de verdade. E só assim, talvez, eu possa ser feliz. Quero muito te contar todos os momentos bons e apagar de vez os ruins. E te prometo: nunca mais irei me magoar assim. Isso eu juro!


Sua amiga que o ama
Cynthia

LIMA, Cynthia. Um mundo para conhecer.

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Viagem para um mundo melhor

Abriu os olhos e não conseguiu acreditar no que via. Júlio estava em um lugar mágico e perfeito, com árvores de todos os tons e frutos magníficos. Gramíneas de um tom verde irrevogável e mais ao fundo uma casa antiga que parecia lembrá-lo uma fazenda. Júlio tinha quinze anos e sempre foi um garoto alegre e sonhador. Desde novo era apaixonado pela natureza, e seus lugares favoritos sempre foram os que envolviam esse tipo de cenário.
Júlio não sabia por onde ir. Por todos os lados que olhava, via um brilho e uma beleza de fascínio singular. Mas por dentro ele sentia uma sensação que não podia explicar. Estava em um mundo rodeado de problemas. Com a ação do homem, a natureza e os recursos naturais estavam cada vez mais escassos. Sentia que precisava ajudar e mudar essa situação. Não sabia por onde começar, mas teve que agir.
Foi caminhando devagar, por entre as árvores, até que chegou à casa que de longe avistara. No alto estava uma placa, que dizia: “É com as pequenas ações de cada um, que vamos conseguir mudar o mundo.” Era mesmo um lugar magnífico. Encontrou pela porta duas crianças que mais pareciam dois anjinhos brincando por ali. Foi recebido por eles e logo em seguida apareceu Tony – um homem que dedicou sua vida inteira àquele lugar.
Ele convidou Júlio para entrar e Tony explicou que sempre foi uma pessoa que pensava em ter um mundo melhor. Mas com os tempos atuais, toda essa situação se agravara. Era um mundo de poluição, desmatamento e irresponsabilidade de muitas pessoas. Entretanto, Tony criou um lugar onde pudera viver saudável, feliz e com a certeza de que seu dever estava sendo cumprido.
E depois de uma longa conversa, Tony levou Júlio para conhecer melhor o lugar. Ali, a natureza era preservada de uma forma jamais vista. As plantas, os animais e a água pura e cristalina demonstravam sinais de gratidão. Era um verdadeiro paraíso.
Júlio sentiu dentro de si que tudo se passava muito rápido e de repente ele se viu entre quatro paredes. Era sonho e ele não pôde acreditar. Tudo passava tão nitidamente que ele não conseguiu entender.
Mas, apesar de tudo, ele guardou dentro de si uma mensagem, que levaria consigo para sempre; “buscar um mundo melhor não é impossível, é apenas um grande desafio”!


Nota: retirado do COC Educação

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